quarta-feira, 9 de fevereiro de 2005

Saudações

O que escrever no primeiro post é sempre uma decisão complicada.
A gente quer ser criativa, inspiradora e divertida, mas não é tão simples assim, ainda mais num blog que tem como foco a política. Política é assunto indigesto num país onde a pobreza e a miséria fizeram com que, gradativamente, as pessoas fossem ficando cada vez mais distantes dos debates e espaços políticos.
Brecht e seu Analfabeto Político me ensinaram desde garota o quanto é importante interessar-se por política e fazer-se um ser político cotidianamente. Foi a política que me tirou da condição de mera expetadora da organização social, hoje eu interfiro, diretamente, no mundo em que vivo. Ao assumir enquanto ser político o povo passar a não mais ouvir sem ao menos questionar.
Para muitos questionar chega a ser leviano, mas (falo por mim) é impossível viver sem questionar! Conheço e não são poucas a pessoas adultas e jovens como eu que se abstém de qualquer conversa que ouse questionar a lógica vigente. Essa ousadia de questionar ativamente é rara na minha geração. Digo questionar "ativamente" porque só acredito em quem questiona tendo em mente a ação, de pouco ou nada vale a postura quase que acadêmica de identificar o problema, analisá-lo, produzir uma tese de mestrado e voltar pra casa como se os deveres sociais que temos com toda a comunidade tivessem sido cumpridos.
É preciso produzir sim, à cada instante, é preciso que as monografias sejam feitas e levadas à Academia para que seja renovado o olhar sobre a sociedade que construímos diariamente, mas também é fundamental atuar direta e objetivamente nesta mesma sociedade, para isso não há a menor necessidade de comprar uma sandália de couro ou uma camisa vermelha. Interferir é responsabilidade nossa, desde o momento que "saímos da caverna" e percebemos que é possível ter uma vida diferente e boa, sem essa mizéria tenebrosa que assola nossos povos, sem essa culpa que destrói nossas noites de sono, sem precisar andar na rua com medo de quem tem bem menos que vc ou eu.
Se alguém tem a oportunidade de ver como as coisas são e como poderia ser, tem sim, obrigação moral de interferir. Vivemos em sociedade e para a sociedade, é graças à ela que somos quem somos e é graças à nós que ela é o que é. É incompreensível criticar a sociedade e não fazer nada para melhorá-la.