sábado, 24 de setembro de 2011

Movimentando

"Olêêêêêê, olê, pelego!
Olêêêêêê, olê, pelegá!
tu desaprende a embuchar urna
que eu te ensino a militar!"

Movimento Estudantil - UFPB


Meu primeiro contato com o Movimento Estudantil foi  aos 15 anos, no grêmio da escola estadual que frequentei. Lembro bem que naquela época já era claramente definido que os estudantes que se envolviam com "essas coisas" eram os "sem futuro", os que só queriam saber de bagunça!

Participar de ME nunca foi muito o foco da minha militância, minha tendência sempre foi a demanda dos movimentos sociais e hoje minha principal bandeira é a questão de gênero (movimento feminista e causa LGBTT), mas ao receber o convite pra compor a "Chapa 04 - Cantamos, gritar só não basta!" senti a importância deste processo e a conjuntura em que hoje encontra-se a UFPB.

Nunca vi minha universidade tão afogada na apatia como agora, é triste ver como os estudantes não acreditam que vale à pena se expor, se mobilizar pra questionar o que está posto, não apenas engolir o sapo e aceitar pacificamente que nossos direitos sejam pouco a pouco tirados de nossas mãos com toda a facilidade.

Tenho uma preocupação especial com meu curso (Letras). Estamos formando futuros professores e pesquisadores de língua e literatura e minha questão é: qual a capacidade crítica desta geração de professores? Seremos formadores de opinião, conseguiremos contribuir com o processo de aprendizagem de nossos educandos, eles sairão da escola sabendo pensar e refletir criticamente?  Ou seremos meros reprodutores de um conhecimento que exclui cada vez mais?!

Participar deste processo foi muito bom, estar ao lado de pessoas realmente comprometidas com a justiça social e com a luta do povo, sempre é gratificante. Algumas das pessoas que estavam inseridos neste processo são amigas e amigos de longa data, outras eu fui conhecendo no decorrer da campanha. Como é bom ver aquelas pessoas tão entregues à uma causa, dormindo uma, duas horas por dia, jantando pão com mortadela, caminhando mais do que pés e pernas podiam suportar...

Garantir o espaço e a voz do estudante é fundamental na garantia dos direitos de todos, são os estudantes que tem, na maioria das vezes, um pouco mais de tempo e de disposição pra ir às ruas exigir os direitos de toda a sociedade. 

Em João Pessoa parece que há um problema muito particular com o ME: ele atua. O ME incomoda, enche o saco mesmo! É um grupo pequeno mas politizado e consciente do que vem ocorrendo na cidade e no estado. É claro que há vários grupos, pessoas independentes, juventudes de vários partidos, etc e tal, mas quando me refiro ao ME estou realmente falando dessas mesmas pessoas que estavam na campanha #contraoaumentojp, na ocupação da câmara dos vereadores, quando estes aprovaram as OS's... enfim, todas as lutas que sempre travamos na cidade. O resultado dessas eleições reflete, em muito, a perseguição política que o ME vem sofrendo.

Não falo daqueles que só aparecem em época de campanha, gente que não tem nenhum compromisso com as demandas da comunidade acadêmica, fraudando urnas, batendo em pessoas de outras chapas, e pasmem, batendo também em mulheres! Quando faço referência ao ME, falo das pessoas maravilhosas, que vem construindo esse trabalho, pessoas que muitas vezes abrem mãos de suas "demandas pessoais", que sabem que não vão poder descansar, dormir, comer, se divertir, namorar, enquanto aquela tarefa não estiver cumprida, porque sabem que uma simples tarefa não cumprida pode colocar à perder o trabalho de todo um coletivo e os direitos de muita gente!

Então eles se cansam, mas permanecem. Quando tem dúvidas, questionam.  Quando agredidos, não se intimidam. Se sentem medo, de braços dados a coragem revive. Perdem, e continuam lutando. Gritam, porque não são ingênuos e manipuláveis, mas cantam porque sua luta contém toda a docura de seus corações.

Lutam por tudo aquilo que acreditam!

Elas e Eles lutam porque são povo.



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